domingo, 11 de novembro de 2012

Vejo a chuva chegar

Vejo a chuva chegar.
O vento mexe a taquara, o limoeiro, a jaboticaba, mexe o que tem dentro de mim.
Atrás da nuvem está o Sol, sempre sol, sempre luz e calor.
O vento toca minha pele, tua pele toca a minha, és sempre luz e calor.
Com a chuva vêm os sons. Pássaros que baixo voam, pássaros que cantam devagar, a cidade diminui o ritmo, tira o pé do acelerador.
As gentes esperam a chuva, tem gente que fecha a janela, eu abro. Quero o cheiro de chuva quando toca a terra.
Terra fonte de vida, que o homem ainda maltrata. Ela, por sua vez se aquece, aquece mais do que o sol manda, aquece o quanto o homem pede.
Pra quê tanto lixo, tanta coisa que não se usa, tanta coisa que só se usa? Pra quê tanta coisa desprovida de beleza, de graça?
Cadê a gente da praça, cadê o povo que deita sob a árvore, tem mais: cadê a árvore?
Pra quê tanta gente sisuda no trem, no ônibus, na rua? Por que essa dama sem sorriso, de roupa e alma escura?
Por que a criança que pinta a cara, deixa a franja atrapalhar o olhar? Não queria ela ver? Não quer ela trocar a roupa preta pela amarela, aquela camiseta escondida no armário?
Num futuro quero gente que desenhe, que pinte, que saiba ouvir. Ouvir, acima de todos, os barulhos que vem de dentro! Quero teatro, música, dança, jogo. Quero ouro, prata, bronze. Pódio de chegada e beijo de namorada. Quero a rua e a casa colorida, o concreto erguido com graça, a madeira, o ferro. Quero harmonia, beleza, cor.
Quero a chuva que vem. Quero cheiro, som, passarinho. Quero sol, sempre sol, sempre luz e calor.
Te quero do meu lado e seja o que Deus quiser!

Rodrigo Soares Rodrigues

Novo Hamburgo, tarde de 11 de novembro de 2012.