domingo, 17 de fevereiro de 2013

Vida que vem

De repente ele vê onde está
Ele, bendito fruto entre damas, somente damas
Olha em volta e vê mulheres que esperam frutos ou cuidam do seu sexo
Por dentro e só para ele sorri e pensa:
"Ó quanta vida, quanto cheiro de vida, suor de vida
Ó quanto sorriso e felicidade
O sorriso do avô, da avó, do pai, irmão, irmã
Ó quantas noites em claro e sem sono vêm por aí
Tal como em claro e sem sono foi a quente, de cheiro, suor e êxtase noite do plantio da semente
Tal semente também pode ter sido plantada em plena manhã de segunda-feira, quase em pecado anticapitalista
Quanto beijo, abraço e "ai, é a tua cara" vem por aí
Quanta flor e bordadinhos com o nome da criança e quantos nãos vêm por aí, díficil arte de deixar aprender e sorver a vida
Vida essa que lentamente se atrasa e torna tão relativo o tempo que gera pequeninas eternidades no tempo da espera do querido ente, semente, nascente primeiro lactente depois adolescente e vivente."
Bendito sejam os frutos de tantos ventres!


Rodrigo Soares Rodrigues, Novo Hamburgo, 17 de fevereiro de 2013.

Texto escrito pós visita a um consultório ginecológico.